domingo, 31 de março de 2013

Sobre zumbis e desarmamento



A recente reeleição de Obama e a recorrente tragédia do atirador que invade uma escola provinciana trouxeram a tona mais uma vez o debate sobre a regulação de armas nos E.U.A. Muitos americanos têm migrado para o lado do debate que defende uma política séria de desarmamento ou pelo menos de restrição na compra de munição, que hoje pode ser feita em qualquer supermercado local. Mesmo assim, o desarmamento ainda é questão inconcebível no território americano. No meio do tiroteio de argumentos, há um que prevalece entre os "gun-lovers": Eles querem armas para defender suas famílias. Sim, eles estão aterrorizados e não, não estão planejando nenhum ato violento propriamente. Mas por que tanta gente está com medo e acha que precisará de armas pra se defender em breve? A indústria bélica nos E.U.A é uma das mais ricas do mundo e certamente há muita gente interessada em manter a população com medo de que alguém ou algo vai tentar rendê-los em momento inesperado e eles precisarão da única coisa que pode salvar alguém sob ataque: armas!! O lobby das armas é fortíssimo no congresso americano e é notório que a política do medo tem predominado desde o 11/9. A ameaça pode vir de qualquer lugar. Os terroristas estão à espreita! Isso quando o problema não é a violência no próprio bairro ou cidade. O melhor mesmo é não sair de casa e manter um 38 debaixo do travesseiro. Mas vc deve estar se perguntando: "E o que isso tudo tem a ver com zumbis?". Bem, já parou pra pensar que a TV e o cinema americano são obcecados com situações pós-apocalípticas, vírus que arrasam o globo em dias, desastres naturais que levam todos a saquearem seus vizinhos, ataques alienígenas e várias outras situações em que só pode sobreviver aquele que....(sim, é isso mesmo que vc está pensando)....tem uma arma? Em uma possível invasão zumbi ou quando a água potável acabar (coisa que não tarda a acontecer) só sobrevive quem tem uma arma e isso é reiterado diariamente nos filmes e séries yankees. Esses produtos culturais criam no inconsciente coletivo americano a idéia de que o apocalipse ou a invasão do país por terroristas é um perigo real. Ninguém parece estar tão preocupado com o fim do mundo quanto a indústria de Hollywood e há americanos que já estão inclusive estocando comida e medicamentos para o possível grande final, prática que não se vê em outros países. Que fique claro que eu adoro zumbis e quero ver mais e mais filmes e séries com eles. No entanto, é evidente o papel pedagogizante da temática apocalíptica na mídia estadunidense, promovendo uma educação pró-armamento, criando medos injustificados e propagandeando a posse de armas como uma questão de vida ou morte.

domingo, 14 de outubro de 2012

Autoridades


"Na ordem do discurso científico, a atribuição a um autor era, na Idade Média, indispensável, pois era um indicador de verdade. Uma proposição era considerada como recebendo de seu autor seu valor científico" (Foucault, A ordem do discurso).
Em 1970 Foucault disse isso se referindo à Idade Média, mas até hoje a educação brasileira  não se libertou da adoração à autoria. No ensino fundamental as crianças aprendem que fazer um trabalho é montar um Frankenstein de trechos ( na maioria das vezes retirados aleatoriamente do Google). Já na faculdade, onde os alunos deveriam finalmente ser ensinados a pensar, o Frankenstein de trechos do Google se torna um Frankenstein avançado de citações bibliográficas. Quando um dia o pobre coitado, por ato falho, deixa despencar na página uma idéia original, o professor a destaca com caneta vermelha e pergunta "De onde vc tirou isso? Cadê a citação?". Um dia desses vão implantar na porta das salas um citodômetro, para pegar os distraídos que entrarem em sala com pensamentos genuínos ou diferentes dos do autor estudado naquele módulo. Depois, quando nossos jovens travam emocionalmente na hora de escrever um simples texto de opinião ou até mesmo um poema, nos perguntamos o que há de errado. Bem, eles aprenderam que suas palavras são todas inválidas a não ser que comprovem que algum autor as proferiu primeiro. Nossas universidades se esqueceram de formar pensadores e estão formando citadores. Qualquer idéia, desde que tenha ano de publicação e página, vale alguma coisa. Entendo que a intenção da universidade é formar pesquisadores, mas de uma sala de 30 alunos, quantos desses terão uma carreira de pesquisadores? Talvez 5 ou 6 farão mestrado e doutorado. O resto não vai voltar para os bancos da universidade e se beneficiaria bastante de um ambiente de discussão intelectual mais livre da necessidade de atribuir sua idéia à uma prévia. Observando como as coisas funcionam em outros países, não posso evitar pensar que o Brasil ainda não se libertou da posição de colonizado. A necessidade de atribuir a idéia no texto a uma entidade externa me parece a posição da colônia que, insegura, ainda busca referenciais e legitimação em algo acima dela. O colonizado sente que não basta por si só. A moda, a cultura, os produtos industrializados e até as teorias tem que ser importados de alguém que está acima, que é "melhor do que nós". As universidades brasileiras precisam resolver essa baixa auto-estima e deixar que seus alunos, ao menos de vez em quando, se permitam o exercício intelectual de opinar sem citar fonte, de teorizar o novo.

(FREITAS, Lídia. Goiânia: 2012. Pg. 1. In: Divagações Bloglísticas)


quarta-feira, 20 de junho de 2012

Saudosa Maloca


Depois de alguns anos de auto-investigação cheguei a um diagnóstico final. Acredito que sofro de saudosismo patológico, uma condição rara que acomete pacientes com baixa imunidade e altíssimos níveis de imaginação na corrente sanguínea. Desde pequena que venho sentindo falta de um tempo que não vivi. Acomete-me uma tristeza profunda por aqueles velhos tempos da turma reunida no Largo do São Francisco, ouvindo Gil e Caetano, e sonhando planos de derrubar a ditadura. Ah que saudade de ser jovem nos anos 70, embora eu mesminha tenha nascido numa manhã de sábado de 1986, um pouco antes do episódio Césio 137, na maternidade Santa Lúcia em Campinas. Isso me lembra que também me bate um saudosismo doente daqueles tempos de Campinas nos anos 50. As moças de vestido longo enfeitando as calçadas com buchichos e desejos velados. E nos fins de semana ir nadar no Lago das Rosas, com a audácia de quem nem sonha que aqueles são os melhores anos de suas vidas.
Tenho saudade por minha mãe. Imagino-a sentada na porta de casa com 16 anos de idade, lendo “O triste fim de Policarpo Quaresma” e não entendendo absolutamente nada, anedota que ela conta com mais tristeza do que humor. Alguns anos atrás ela insistiu para que eu lesse “Olhai os lírios do campo”, do Erico Veríssimo. Quanta inocência dela. Nós duas sabíamos que eu jamais poderia lê-lo como ela o leu, em meados dos anos 80, com seus cachos castanhos e sapatos de menina pobre, aguardando soarem as trombetas de um futuro brilhante, que jamais existiria.
Em novembro do ano passado tive um ataque súbito da doença. Estava no show do Paul McCartney no Morumbi em SP, e o ex-Beatle anunciou que iria cantar a música “My Love”, feita para sua falecida esposa Linda. Antes mesmo do gentleman terminar a terna dedicatória e atacar o bass, eu já estava de choro pronto como uma criança. Que tristeza que senti pelo Paul. Alguns minutos depois, o ritmo rock’n’roll de outros arranjos me envelou de felicidade e adrenalina novamente, mas até hoje quando ouço “My Love” penso no Paul e sinto saudades de Linda.
Não acredito em cura para a doença. Talvez nem a queira. É bom sentir com outros sentidos. É bom caminhar por ruas de pedra e pegar um bonde com Clarice, se antenar com o universo e captar – quase que em ondas sonoras- o pulso do mundo. A memória coletiva me conforta. Eita saudade que não passa...

A panorâmica do pertencer


Já há alguns anos que venho sendo visitada pelos gnomos da não-pertencença. Algo na minha constituição orgânica me impede de me identificar automaticamente como parte de grupos. Meus cinco sentidos falham na execução do comando de me convencer que a comunicação interpessoal foi completada com sucesso e fico com aquele conhecido sentimento que chamo de síndrome do alienígena. Essa condição sensorial faz com que a pessoa tenha a impressão de estar observando as interações a sua volta pelo lado de fora, e não consegue participar dessas interações sem se deslocar emocionalmente, filosoficamente e cronologicamente daquele momento, desaparecendo em uma nuvem de conjecturas sobre as pessoas ao seu lado e suas motivações, sobre o passado/futuro e sobre a legitimidade de sua presença ali e da própria experiência. Isso tudo se desenha em sua mente, enquanto o resto das pessoas na mesa se diverte como se nada particularmente cósmico estivesse acontecendo. Há entre a experiência e eu um distanciamento, quase acadêmico, uma licença para se observar as pessoas e eventos através de uma lupa. Descrever-me como personagem é uma tarefa imaginativa muito difícil, por isso minha preferência sempre foi descrever os incontáveis personagens que povoam os espaços a minha volta.
As vítimas desse sentimento de independência de seu próprio personagem têm dificuldade frequente em se enxergar como parte da cultura do grupo em que estão inseridas, sentem-se não-pertencentes. Não funcionamos bem como cativantes personagens. Somos narradores em essência. O não-pertencente radical pode inclusive ler a descrição de seu signo no zodíaco e não achar uma só característica que acredite realmente ter, pois pareceria forjado demais afirmar uma personalidade. Dinâmicas de grupo em que alguém pede que se diga um defeito e uma qualidade costumam levar não-pertencentes clássicos ao profundo desconforto. Ser é pertencer, e é intenso demais dizer que se pertence à qualidade x ou y. Assim, a alternativa comum para sair do incômodo acaba sendo inventar ou simplesmente dizer uma qualidade e um defeito comuns, que não despertem desconfiança no público. Afinal, quem não acreditaria no indivíduo que se declarasse “calmo, porém ansioso”?
O não-pertencente projeta-se na vida como narrador, não como protagonista. E é bem possível que a não-pertencença tenha raízes em uma modéstia de quem consume histórias. O leitor exigente não acharia verossímel um protagonista tão previsível quanto ele mesmo. O leitor sabe que o conflito está a espreita na esquina, e que qualquer falta de ação só pode ser sinal de que o clímax da história está por chegar. Não há final feliz sem obstáculo que o preceda, e é nesse momento de pretensa clarividência que repousa a grande angústia do não-pertencente. Ele não só acredita não fazer parte da história, como também crê poder fazer previsões e análises sobre a vida, sobre os personagens e sobre seus destinos, o que ocasionalmente leva a um momentum de doce melancolia. E essa é aquela hora em que alguém do grupo muito provavelmente se voltará para você e perguntará: "Está tudo bem com você? Você está meio quieto, não está participando da conversa." E você será sugado de volta do buraco negro de seus pensamentos, direto para o epicentro da experiência, e tentará agir com normalidade, tentará pertencer.
Pertencer é um verbo para os plurais, um verbo transitivo indireto, inversamente proporcional a natureza de alguns. O pensamento racional trouxe ao homem a sina de entender-se fora do coletivo e fez de todos nós animais solitários. Os homens de consciência tornam-se oráculos de si mesmos, e senhores de seus afetos e tragédias. E eu me pergunto: Será que pertencer é mesmo a única forma de redenção?


Macro-evoluídos?


Lembro-me de ter lido, em algum artigo de revista, que o processo evolutivo fez o homem guardar contextos, mais do que números e dados objetivos. A partir disso, imediatamente entendemos porque nossa memória é tão arisca com os detalhes e com a matemática; e porque partimos tão avidamente na jornada diária de estabelecer padrões gerais, que usamos paraexplicar e julgar os fenômenos e objetos a nossa volta. E nosso julgamento é implacável. Nós nos amarramos a nossos contextos gerais como o naufrago ao bote. Para ex-símios recém-saídos das cavernas até que nos demos bem com isso. Usamos nossa super-percepção de contextos para criar tecnologias, linguagem, arte e progresso. Criamos sociedades inteiras baseadas em princípios gerais. Aprendemos que "o que importa é a mensagem e não a linguagem", "o processo e não o produto", e isso não foi ruim. No entanto, me pergunto qual espaço é legado à realidade dos números, ao método científico, ao ceticismo e ao conhecimento exato.
O pensamento dominante tem nos ensinado que o importante é ver o macro, e convenientemente há sempre alguém (alguém que se preocupou com os números e detalhes) para nos dizer qual macro é esse, e nos direcionar para o princípio geral que deverá ser percebido. Em uma comunidade, quem detém o conhecimento científico ou o poder político-econômico ganha o direito de impor suas generalizações. Paralelamente, autoridades políticas, acadêmicas e familiares impõem para nós seus macro-conceitos e idéias gerais já em nossa primeira infância. Assim, crescemos absolutamente crédulos e pouco questionadores de contextos que imaginamos já entender por completo.
Precisamos começar a injetar em nossa rotina uma meticulosa suspeita em relação às generalidades que repetimos e reforçamos. Quem só conhece contextos tem apenas uma percepção superficial da realidade. É preciso tentar mensurar subjetividades e se perguntar as vezes : “Por que tenho essa crença sobre esse determinado assunto? Quando ela começou? Esse caso específico se aplica a essa crença geral que tenho?”. Sim, o sujeito é subjetivo, mas também se sujeita às sujeições do mundo físico em que vivemos, com seus complexos postulados que não se compreende só com contextualizações. Saimos da caverna, mas falta abandonar seu mito.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Q.Q.ISS?!




Alguns dias atrás estive no aconchegante teatro do Cine ouro para o espetáculo “Q.Q.ISS?! As aventuras de Pendu e Cami do outro lado da lua e do arco-íris”.  É bem certo que o Grupo Sonhus Teatro Ritual já havia me convertido bem antes de abrirem as cortinas. Qualquer simpatizante de Pink Floyd não hesitaria 1 minuto diante da chance de ouvir em som 5.1 o The Dark side of the moon. Mais ainda quando a oportunidade está de mãos dadas com o clássico O mágico de Oz. E é por isso que fui ao teatro, ávida  por essa relação, velha conhecida do público. Mas o que ali se passou pela próxima hora e meia eu não poderia ter antecipado.  O mesmerizante baile de humanos e bonecos que tomou conta do palco despertou em mim no mínimo 24 tons de emoções. No coração dramático dessa narrativa estão dois espantalhos,(referência ao Mágico de Oz) que se libertam e partem em uma jornada de auto-descoberta e descoberta do mundo, ao som de The Dark side of the moon. A natureza profundamente filosófica do album é assunto que há algumas décadas povoa tanto mesas de bar quanto textos acadêmicos, partindo na maioria das vezes, de duas correntes teóricas populares: A especulativa e a levemente conspiratória. Uma ou outra, ou mesmo as tentativas mais acadêmicas de interpretar o álbum, levam sempre à conclusão de que a banda criou algo de caráter indubitavelmente universal e difícil de ser repetido. Talvez por isso mesmo seja sempre associado ao Mágico de Oz, obra igualmente triunfante sobre a passagem do tempo, trazendo questionamentos profundos que ainda são absolutamente atuais. E é essa universalidade que se faz presente no espetáculo Q.Q.ISS?!, através de cores e movimentos, do teatro do corpo, da arte circense e da representação mímica. A sutil criação de significados acontece através de uma apurada linguagem corporal dos atores e vai nos guiando quase que pela mão para reflexões sobre o ser e sobre a vida.
As canções do álbum The Dark side of the moon têm sido interpretadas como referência evidente ao ciclo da vida. Alguns estágios podem ser identificados nas principais faixas , e alguns deles estão visivelmente representados na jornada de Pendu e Cami. Considerando o que já foi dito sobre o assunto e algumas percepções pessoais, pode se dizer que a faixa Breath é uma referência clara ao nascimento do ser. Time seria a passagem do tempo na infância e juventude, o crescer. Money seria o trabalho. Us and them uma referência aos relacionamentos, à solidão e a diferença entre nós. E Brain Damage uma referência à loucura, ao inconsciente, à libertação e talvez até à morte. Assim, não é sem motivo que o espetáculo se inicia com Breath e com uma fantástica coreografia de Pendu, seguida pela tentativa de Cami de libertá-lo, de trazê-lo ao “nascimento”. O nascer é doloroso, envolve se libertar fisicamente do útero materno ( no caso de Pendu, sair do tronco), aprender a se manter em pé e posteriormente aprender a caminhar, atividades que Pendu representa, auxiliado por Cami. O espantalho Cami é um mentor e um provocador. Sua subversão o fez deixar sua roça e fugir para descobrir o que há do outro lado do mundo.  Assim, Cami e o novo amigo seguem na jornada da vida. Ao som de Time e The great gig in the sky, Pendu aprende a enfrentar seus medos (espantar os pássaros que pousam sobre ele) e aprende ainda a compreender a dor do outro. O cachorro gigante que se apresenta inicialmente como predador e tenta atacá-los, acaba se mostrando apenas uma criatura ferida. Quer machucar porque está machucado, quer atacar porque foi atacado. No entanto, quando ajudado pelos espantalhos, o animalzinho se torna dócil, pede agrados e por fim vai embora. Depois de enfrentar as intempéries e outras adversidades de uma jornada de fuga, os dois chegam ao que seria o outro lado da lua, mas se surpreendem ao constatar que lá ninguém se importa com eles, e todos parecem seguir uma dura rotina de trabalho. Ao som de Money, eles coreografam o trabalho na linha de produção em série e as atividades solitárias em que se envolvem os homens quando vão para casa ( T.V, computador, masturbação, etc). A vida do outro lado da lua não é tão glamurosa quanto imaginaram, e assim se prova o velho ditado de que a grama sempre parece mais verde do outro lado da rua. Nesse novo espaço eles também se envolvem em conflitos de relacionamento. Encantam-se com uma mulher (representada por uma boneca inflável) e brigam por ela, levando-a a morte. Depois do trágico desfecho, Cami começa a mostrar sinais de que não está mesmo seduzido pelo local e de que continuará sua jornada de procura por um lugar melhor, mas Pendu já não está disposto a seguí-lo. Sem resultado para sua negociação, Cami parte para o desconhecido sozinho, e Pendu está novamente preso. O espetáculo se encerra da mesma forma como começou, com a passagem do tempo e a imagem de um Pendu inerte. O The Dark Side of the Moon passa uma vez e meia durante o espetáculo, e as cortinas se fecham após o final de Money.
Q.Q.ISS?!, apesar das tendências de divulgação no sentido da comédia, mostrou-se um espetáculo plural. Tragicômico, reflexivo e entretenedor, tudo ao mesmo tempo. Salvas as devidas proporções, o espetáculo segue o ensinamento Beckettiano e nos incomoda com suas perguntas existenciais, faz uma crítica feroz à sociedade, ao mesmo tempo em que nos fascina com uma narrativa inteligente e divertida.